Resumo das evidências sobre uso da cloroquina
Dados positivos: (4 estudos)
1. Estudo em vitro que inibiu a replicação viral (https://go.nature.com/3dQtyKJ).
2. Estudo com 42 pacientes sem ser randomização e sem ter grupo controle (placebo) (https://bit.ly/367v3S1)
3. Estudo com 62 pacientes (https://bit.ly/363FVjS) não revisado por pares, encontra-se apenas no repositório. Limitações: Fatores de risco para eventos adversos graves foram critério de exclusão. O estudo teve desvios significativos do protocolo inicial, os métodos de análise estatística foram falhos, estudo não foi cego e os desfechos analisados são subjetivos.
4. Estudo retrospectivo, 412 pacientes atendidos por telemedicina (https://bit.ly/preventsenior_hidroxicloroquina) receberam hidroxicloroquina e azitromicina, 224 recusaram o tratamento e foram considerados controles. Não foi revisado por pares, encontra-se apenas no repositório. Limitações: Nenhum paciente teve exame de Covid-19 realizado ou descrito, foram incluídos pacientes com sintomas de resfriado comum.Não foi realizada análise multivariada, os dois grupos tiveram diferenças significativas no início do estudo nas manifestações clínicas e achados de tomografia, não se sabe qual proporção dos casos de fato tinham Covid-19 nos dois grupos, o grupo controle foi composto por indivíduos que recusaram a medicação, não houve randomização.
Dados Negativos ou sem diferença entre os grupo: (6 estudos)
1- Estudo envolvendo 30 pacientes (https://bit.ly/2WF3DA9). Todos pacientes curaram, não houve diferença entre os dois grupos nos seguintes desfechos: tempo para resolução da febre, tempo para negativação do PCR, progressão de imagem radiológica em tomografia de tórax.
2- Estudo retrospectivo em Nova York envolvendo 1438 em 4 grupos: Controle, Hidroxicloroquina e Azitromicina ou Hidroxicloroquina ou Azitromicina. Não foi observado diferenças na chance para óbito entre os grupos (https://bit.ly/2ZaOgRG). Limitações: Estudo retrospectivo de casos internados apenas sem randomização.
3- Estudo retrospectivo nos Estados Unidos não revisado por pares, encontra-se apenas no repositório. O estudo incluiu 368 pacientes internados dividimos em 3 grupos:
Hidroxicloroquina (n=97), Hidroxicloroquina e Azitromicina (n=113), sem hidroxicloroquina (n=158). Analise ajustando para score de propensão. Maior chance para óbito no grupo que utilizou hidroxicloroquina (27.8%), Hidroxicloroquina e Azitromicina (22.1%) sem hidroxicloroquina (11.4%). Limitação: Estudo retrospectivo não randomizado.
4- Estudo retrospectivo em um hospital de Nova York envolvendo 1376 pacientes, 811 receberam hidroxicloroquina, 565 não receberam. Analise multivariada e análise ajustada por escore de propensão não identificaram diferença no risco de intubação ou óbito (https://bit.ly/NEJMcloroquina).
5 – Estudo prospectivo, randomizado, duplo cego. Resultados parciais de acompanhamento de 81 pacientes hospitalizados comparando Cloroquina altas doses (1200mg dia) vs dose padrão (450mg dia)
O grupo que utilizou altas doses de Cloroquina teve uma maior chance para óbito (39% vs 15%). Além disso não foi observado negativação do RT-PCR no quinta dia após o tratamento em ambos os grupos. Doses altas de cloroquina não devem ser recomendadas para pacientes graves (https://bit.ly/3dS8hjM)
6- Estou randomizado com 150 pacientes multicêntrico sem diferenças no que diz respeito negativação viral e outros desfechos como tempo de internação e óbito (https://bit.ly/casos_leves_cloroquina).Os eventos adversos foram maiores nos pacientes que recebem cloroquina (30% versus 7%)
Conclusão: As evidências científicas não suportam o seu uso indiscriminado. Importante que 2 estudos demonstraram que pode estar associados a maior letalidade em doses altas e em doses baixas com com maior frequência de eventos adversos. Portanto o uso deve ser consentido com o paciente ou o responsável legal. O Médico pode responder junto ao CRM se for prescrito de maneira indiscriminada sem avaliação dos riscos e benefícios.